Cordel classificado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Órgão da ONU

O CANGACEIRO DO TRÂNSITO
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Se minha mente não falha
João me disse desse jeito:
– O Código de Trânsito diz
Que eu devo andar direito,
Mas só ando em disparada
Sem lhe ter um só respeito.
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Ele manda que eu dirija
Meu carro dentro da linha,
Mas a linha que escolhi
É a linha que caminha
Correndo na contramão
Cheio de pompa e gracinha.
13
O Código me orienta
Que eu dirija com cuidado
E que lendo eu compreenda
E fique mais informado,
Mas de sua cara eu mango
E ignoro o seu recado.
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Me diz que eu nunca dirija,
Sem carteira ou com carteira,
De outra categoria,
Não dirija de maneira
Que coloque em risco a vida
Nem mesmo por brincadeira.
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Eu tenho Habilitação,
Mas há tempo está vencida:
Velha, sem cor e rasgada,
Pela traça corroída,
Mas assim mesmo um guarda
Pega, olha e lhe valida.
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Mas João disse: – Poeta!
Vamos dar uma voltinha
No meu carro zero bala,
Mas eu fiquei só na minha
Pensando comigo mesmo:
Vá matar outro, morrinha!
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E sem olhar para trás
Eu segui o meu roteiro
Deixando João sozinho
Com cara de presepeiro
Sem duvidar que do trânsito
Ele seja um cangaceiro.
Fim
Autor: José Augusto