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quarta-feira, 9 de junho de 2010

O MESTRE PAULO FERNANDES
















Meus amigos vocês podem
Esquecer e não lembrar
O dia em que nasceu:
Hora, minuto e lugar,
Mas jamais pode esquecer
As voltas que o mundo dar.

Pois são nelas que eu navego
Em busca de emoção,
Sentido pra minha vida,
Pra alma, um grão de pão,
Abraços de amizade
E paz pro meu coração.

E foi numa dessas voltas
Que meu caminho cruzou
Com o caminho de um mestre
Que falar dele aqui vou,
Vou dizer quem ele é
E o que ele nos ensinou.

É desatador de nó,
Desbravador popular
Da justiça sem justiça
Que quer a gente pegar
Sem nunca pedir licença
Se licença precisar.

É caboclo nordestino
Prole daqui do sertão
Apaziguador de lutas
Travadas nesse chão,
Mas muito conhecedor
Das coisas desse mundão.

É um homem sem prisão,
Mas aprisionado
A vontade de querer
Defender ‘aquele’ lado
Herdeiro de quase nada
E de direito minguado.

Caçador de injustiça
Que não tem medo de nada.
É homem que se conduz
Se medindo a polegada
Nas veredas da justiça
Sem deixá-la ser negada.

Maratonista de terno,
Gravata e calça comprida,
Sapato de couro fino
E pasta toda polida
Cheia de fé e esperança
E coragem destemida.

Montado nas petições
E dentro da lei andando
Por entre as varas jurídicas
Aonde a lei vai criando
Possibilidades mil
Desde quando era quando.

A poder de argumentos
Ele encara promotor,
Encrespa-se com juízes
Fazendo-os tremer sem dor
E faz todo advogado
Virar uma rosa-flor.

E qualquer lado é seu lado,
Mas não é qualquer um não
Tem de ser o lado justo
Sem andar na contramão
Feito de verdade e paz
Sem precisar de sermão.

Um ser de uma cara só
Atrelado ao seu querer
E por isso vou deixar
PF a gente dizer
Quem nesse mundo tu és
Quem o foi e quem vai ser.

Assim disse P. Fernandes:
– Abro com toda vontade
A janela do saber
E mostro a essa cidade
Como é um professor
Dessa nossa faculdade.

De argumento sou feito,
Sou feito de puro aço
A uma temperatura
Que converte até cangaço
E quando estou dando aula
Eu marco aquele golaço.

Sou coragem de mendigo
Que renova sua fé
A cada quebrar da barra
Co’o canto de um garnisé
Que não perde a esperança
Nem despensa um cafuné.

Sou água de morro abaixo
E fogo de morro acima.
Juazeiro sertanejo
Enfrentando o seco clima
E o canto do bem-te-vi,
Simplesmente, obra-prima.

Na terra sou uma vara
De ensinar a pescar,
No ar sou vento guiando
Um avião solto no ar
Cheio de gente sem asas
Que teimam querer voar.

N’água sou a água em pessoa,
Água boa de beber
Que adentra nos meandros
Das artérias do saber
E deixa meus acadêmicos
Com gosto de mais querer.

No subsolo sou lava
De um pequenino vulcão
Que lubrifica as veias
De qualquer um coração
O deixando com mais vida
E mais imaginação.

Mente boa sei que tenho:
Envelhece mas não mofa
Não diz nada sem sentido
Nem para fazer farofa
E de vez em quando ela
Vez por outra filosofa.

E aqui amigos, sou
Do jeito que ‘está na lei’,
Pros mais íntimos, P. Fernandes.
Não aceito nem de rei
Que caçoe de minha vida
E a vida que levei.

Sou daqui de Mossoró,
Sou casado com Ester
Pai de Pedro, Isabelle
E Aldo meu bom ‘chofer’
Do direito e da justiça
Que se mostra sem preguiça
Acredite se quiser!

E quem caçoar de mim
Pode se esconder nos Andes
Vai sentir bem diretinho
Como sou forte e sou grande
E vai ver urgentemente
Quem é verdadeiramente
O Mestre Paulo Fernandes.
Fim
José Augusto

4 comentários:

  1. Cara aluno blilhante é preciso ser atuante, mutante, porque se assim não for, vira agonizante! Quero lhe agradecer de maneira penhorada, melhorada, anunciada por todos os recantos, com a alegria de canticos de agradecimentos e registro de reconhecimento. Muito grato, alegria de receber de você uma homenagem, um fato notável, acontecimento memorável, pois como você diz, qualquer lado é meu lado e nem por 50 reais daremos a nossa paz.

    Paulo Fernandes

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  2. Esse homem, que é "água de morro abaixo e fogo de morro acima, juazeiro sertenejo enfrentando o seco clima" foi cedo levar um canto de bem-te-vi nordestino para as terras do Rio de Janeiro; lá aprendeu a cantar como a vida bem ensina, e pôde trazer de volta para o seu espaço uma lição muito bem aprendida e pronta a ser ensinada tanto nos bancos da Academia quanto no ambiente forense. Lutando cedo na vida, pôde ensinar Mossoró a lutar também, e assim construir sua tradição no ensino jurídico. Ficam aqui registrados o agradecimento ao professor Paulo e as congratulações ao poeta Augusto pela célebre iniciativa poética.


    Thiago de Lima Ribeiro

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  3. José Augusto,
    PARABÉNS pelo blog. É muito importante essa batalha pela literatura de cordel nas escolas. Se já faz parte das Universidades (monografias, teses de mestrado, doutorado, etc.), porque não fazer parte do ensino fundamental e médio? Temos poetas em todas as áreas temáticas da cultura popular brasileira, que podem oferecer esta ferramenta (a litertura de cordel) com adjuvante em qualquer tipo de disciplina. A literatura de cordel é dirigidas a todos - desde os pequeninos até a terceira idade. Vamos em frente e continuar na luta.
    Abraços e obrigada por seguir o Cordel de Saia.
    Maria Rosário Pinto
    http://cordeldesaia.blogspot.com
    rosariuspinto@gmail.com

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  4. Juliano Barros04 julho, 2010 13:48

    Meu Amigo José Augusto,
    Mais uma vez, PARABÉNS...
    Sua poesia está cada vez melhor.
    Vou lhe confessar algo: quando nos encontramos para conversar, vejo uma nuvem de poesia rodeando-lhe com rapidez tremenda. É algo parecido com os elétrons em órbita, é uma energia crescente.
    E você é isso: uma carga de positividade que sempre atrai a poesia que lhe rodeia...
    Valeu.
    Juliano Barros.

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